A Casa dos Espíritos

Isabel Allende



Um best-seller e um sucesso da crítica na Europa e na América Latina, A Casa dos Espíritos é um épico magnífico à família Trueba - os seus amores, as suas ambições, as suas buscas espirituais, as suas relações e a sua participação na história do seu tempo, uma história que se torna destino e que os surpreende a todos.
Começa - no virar do século, num país da América do Sul sem nome - na casa de infância da mulher que se tornará a mãe e a avó do clã, Clara del Valle. Uma rapariga de coração bondoso e hipersensível, Clara foi distinguida desde tenra idade com capacidades telepáticas - consegue ler a sorte, mover objectos como se tivessem vida própria e prevê o futuro. A seguir à morte misteriosa da sua irmã, Rosa a Bela, Clara fica muda durante nove anos, resistindo a todas as tentativas para a fazer falar. Quando quebra o silêncio é para anunciar que se irá casar em breve.
O seu futuro marido é Esteban Trueba, um homem severo e obstinado, dado a acessos de raiva e assombrado por uma profunda solidão. Aos trinta e cinco anos regressa à capital para visitar a sua mãe moribunda e encontrar uma esposa. Foi em tempos o noivo de Rosa e a sua morte marcou-o tão profundamente como a Clara. Ele é o homem que Clara previu que se iria tornar seu marido. Por seu lado, Esteban irá conceber uma paixão por Clara que durará o resto da sua longa e rancorosa vida.
Acompanhamos este casal logo que se mudam para uma casa extravagante que ele constrói para ela, uma estrutura que todos chamam de "a casa grande da esquina", que cedo é povoada pelos amigos espiritualistas de Clara, artistas que patrocina, os casos de caridade pelos quais se interessa, pelos camaradas políticos de Esteban e, acima de tudo, pelas crianças: Blanca, uma rapariga prática e retraída que irá manter, para fúria do seu pai, uma relação para a vida com o filho do seu capataz; e os gémeos, Jaime e Nicolás, o primeiro solitário e taciturno, que se torna médico dos pobres e desafortunados e o segundo um playboy, um diletante das religiões orientais e das disciplinas míticas, e na terceira geração a filha de Blanca, Alba (a família não irá reconhecer o verdadeiro pai durante anos, tão grande é a fúria de Esteban), uma criança que irá ser acarinhada, mimada e educada por todos eles.
Por toda a sua boa sorte, pelos seus talentos naturais (e sobrenaturais), pelos fortes laços que os unem uns aos outros, os habitantes da "casa grande da esquina" não são imunes às grandes forças do mundo. Ao bater do século XX, à medida que Esteban se torna mais cortante na sua oposição ao comunismo, à medida que Jaime se torna amigo e confidente do líder socialista conhecido como "O Candidato", à medida que Alba se apaixona por um estudante radical, os Truebas tornam-se actores - e vítimas - numa trágica série de eventos que dá a A Casa dos Espíritos uma ressonância e significado mais profundos.
Esta é a realização suprema deste romance esplêndido que nos faz sentir membros desta grande, apaixonada (e, por vezes exasperante) família, a quem nos ligamos como se da nossa própria família se tratasse.
No panorama da actual literatura hispano-americana, nenhum nome de mulher tinha conseguido até agora ocupar um lugar cimeiro. Faltava pois uma romancista. A impecável desenvoltura estilística, a lucidez histórica e social e a coerência estética, patentes em A Casa dos Espíritos fazem do primeiro romance de Isabel, um livro inesquecível.

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